Administração

Por Carlos Buby

Os Templos Umbandistas, em sua grande maioria, são administrados em conformidade com as leis que regem as associações sem fins lucrativos. A contabilidade, aparentemente simples, demonstra os fluxos de entradas e saídas de capital mediante recibos e outros documentos legais. O corpo de voluntários, constituído quase sempre por abnegados participantes, isenta a associação de um custo administrativo mais elevado. Outras doações, além daquelas previstas nas assembléias gerais, complementam o orçamento mensal ou financiam construções, reformas, aquisição de móveis, utensílios, etc. Este perfil se aplica também aos serviços assistenciais desenvolvidos por vários Templos. Com o objetivo de captar recursos para manter o equilíbrio econômico, festas beneficentes e campanhas são realizadas pela comunidade ao longo do ano.

Teoricamente, este é um modelo administrativo que dá certo. Entretanto, na prática a realidade não é tão romântica assim. Os “efeitos colaterais” começam a surgir quando alguns projetos, apoiados sobre a inconstância do voluntariado, acabam por perder a continuidade. A instabilidade das doações inviabiliza qualquer planejamento orçamentário. Não são raros os Templos que, dependentes das doações, discriminam as participações e os direitos dos filhos de acordo com os valores doados. Aqueles que doam ou se doam mais acabam por criar situações constrangedoras àqueles que, por qualquer motivo, não têm as mesmas condições. Do ponto de vista administrativo isto não importa. Mas do ponto de vista espiritual isto é, sem dúvida, um bom motivo para o enfraquecimento da comunidade.

O Templo Guaracy não fugiu a essa regra. Na primeira década de sua fundação, o Templo Espírita de Umbanda Caboclo Guaracy, como era denominado, experimentou as mais diversas formas administrativas. Todas esbarravam nas limitações acima citadas. O crescimento vertiginoso, associado à expansão para a América do Norte e Europa, exigiu a criação de métodos eficazes e seguros. As decisões não se limitaram a mudanças técnicas. A reforma teve que ser feita nas bases da filosofia administrativa. A alteração da razão social para Templo Guaracy do Brasil marcou o início da reengenharia administrativa.

FILOSOFIA ADMINISTRATIVA DO TEMPLO GUARACY DO BRASIL

Toda assistência espiritual, mediúnica, ritualística e social desenvolvida pelo TGB ou em seu nome é gratuita. O TGB conta com um quadro associativo com valor equilátero. A colaboração associativa é livre e não obrigatória. Ninguém é discriminado por qualquer motivo ou natureza. Os serviços administrativos são, na sua base, exercidos por profissionais. Cada Templo Guaracy, constituído no Brasil ou no exterior, destina os valores arrecadados às suas próprias obras. Nenhum valor monetário é transferido de Templo para Templo ou de país para país. Os voluntários prestam serviços à comunidade em conformidade com as leis que regem o voluntariado. Os eventos realizados pelo TGB focalizam a integração sócio cultural. A manutenção do Templo e dos projetos sociais são apoiados por eventos beneficentes e doações livres . Os membros da diretoria, (Presidente – Vice Presidente – Tesoureiro – Secretário – Diretor Social), não são remunerados.

“Mais que seguir o curso do Rio, Administrar é perceber
que entre o Rio e a canoa existem infinitas Probabilidades.”
Carlos Buby